Páginas


0

— O que você tem?

— Medo.

— Medo? De que?

— De você um dia ir embora. Eu não gosto de me imaginar sem você, de imaginar o meu futuro e saber que você não estará nele. Não, eu não gosto disso. Por isso tenho medo. De você se cansar de mim, de nós… Eu tenho medo de acordar e saber que você não vai estar comigo mais. Não suportaria te perder, entende? Eu demorei tanto tempo pra te encontrar e agora que te achei eu não posso te perder. Posso ser feliz sem você, só que eu não quero. Quero você comigo. Quero que tudo o que eu sonhei pra nós se torne real.


 


0

Depois de algum tempo,


 você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

0

E toda essa insuficiência


existencial me persegue a ponto de me fazer quase entrar em desespero cada vez que eu não sei mais o que pensar de tudo isso. Vontades? Carrego um turbilhão dentro de mim, mas eu simplesmente não sei o que fazer com cada uma delas. Vazio de um lado, dúvidas do outro e aquela luz no fim do túnel que ainda me faz querer prosseguir. Aquela luz que quase me cega de tão mínima, mas que não me faz perder o focoSou capaz de ouvir cada sentimento dando um leve eco nesse túnel. Ecos que me parecem intermináveis, assim como cada momento tem se tornado. É como se ainda assim eu sentisse tudo oco, se é que eu realmente estou sentindo algo. O mundo me ensinou a me “auto-anestesiar” e a situação chegou a um ponto onde eu prefiro observar tudo de longe, enquanto finjo que não é comigo. É, é só fingir mesmo. Porque no fundo, eu sei que tudo aquilo me pertence de um certo modo, mas eu prefiro deixar assim até me recompor de modo a erguer a cabeça e continuar sorrindo. E sei que estou quase lá

0

Eu sei que não é fácil.



 Todo mundo sabe. A gente vive assim. A gente aprende assim. A gente aprende tanta coisa…a gente se acostuma com tanta coisa! A gente se acomoda, se senta em um sofá confortável e se conforma. A gente se conforma que tudo tá errado, que tudo dá errado e que todos estão errados. A gente entende que a gente briga e é claro! Isso é normal. A gente entende que as pessoas mentem e você é bobo se acreditar no que te dizem. A gente cai em tantos buracos e a gente se acostuma a cair. Será que essas coisas normais são tão normais assim? Será que a dor de cabeça é tão irreversível assim? Será que nossos passos errados serão sempre errados? O conformismo nos consome, nos mata por dentro. Destrói nosso dom de perguntar, de reclamar, de querer melhorar. Ei! Às vezes é bom acordar! Levantar da cama, se livrar dos costumes errados e tentar mudar, nem que seja um tiquinho, nem que seja só para fazer um rosto aflito feliz. Porque é assim que a gente alcança a nossa felicidade, transmitindo para os outros o que temos de bom.

0

Vai devagar…


Pensa duas, três, quatro, quantas vezes forem necessárias pra não fazer bobagem. Cuida do teu coração, cuidado com quem você deixa entrar. Espera o tempo passar. Acredita menos… As pessoas não são tão legais quanto aparentam ser. Quem acredita menos, sofre na mesma proporção. Até quando você achar que é verdade, desconfie um pouquinho. Faz bem não se entregar totalmente logo de cara. Se arrisca mais, por você. Tenha coragem para dizer tudo que tens aí guardado. Seja forte para conseguir se manter calada perante alguns. Muda de rumo. Quando te mandarem ir por lá, vai pelo outro caminho. Ou vai apenas, pelo caminho do teu coração. Se você não aguentar mais fingir… Chore. Depois que você acabar de chorar, vai sentir-se mais leve. E então vai levantar a cabeça, lavar o rosto, pôr uma roupa bonita no corpo, um sorriso escandalosamente lindo(a) no rosto e dizer que chega, que você vai é ser feliz. Eu sei, é assim mesmo. E vai funcionar! Não diga “nunca”, nunca. Irônico, não? Mas não diga. Porque essa vida é incrivelmente engraçada. Mais uma coisa. Você não pode ter medo que as pessoas te machuquem, viu. Porque as pessoas vão te machucar de vez em quando, até mesmo aqueles que você mais confia e admira. Não vão fazer por mal, mas somente porque são humanos. Cometemos erros ridículos com pessoas maravilhosas. Faz parte. Não esquece que cada um é cada um. Somos diferentes. Graças a Deus, somos. Vive um dia por vez, sem pressa e sem querer ser mais rápida que o tempo. E por favor, vai ser feliz, que tu ainda tem muito por viver .

0

Ele não ligava,


nem mandava mensagem durante semanas. Mas tinha uma mania sacana de aparecer quando ele já tava quase desaparecendo da minha cabeça. Era carência, tava na cara – e faltava vergonha na minha, porque eu sempre acabava cedendo. Não me dava valor e ainda ficava indignada por ele não dar também. Eu aceitava ser a última opção e ainda tinha a cara de pau de espernear e choramingar por ai usando a maldita frasezinha clichê de que nenhum homem presta. Claro que ele não ia prestar, pra que prestar com alguém que transpirava falta de amor próprio? Ninguém ama quem não se ama, ninguém respeita quem não se respeita – doloroso, mas verdadeiro. E quando você não tá na onda de ser amada, ta tranquilo - um supre a carência com o outro e fim de papo. Mas eu tava afim de sentimento, tava super na onda de mãozinha dada e ligação de madrugada só pra ouvir um ”tava pensando em você”. E claro que ele não ligava, a gente quase sempre só pensa antes de dormir em quem causa aquele nervosinho de incerteza dentro do nosso peito – e eu tava sempre ali, um poço de certezas, não tinha porque ele pensar. Muito menos ligar. E foi ai que eu mudei. Parei de aceitar o último pedaço do bolo, se o primeiro pedaço não fosse pra mim, eu simplesmente ia embora da festa – não me servia mais. E olha só que mágico, ele nunca me chamou pra tantas festas e nunca vi alguém me oferecer tantos pedaços de bolo – a mágica só não foi tão boa porque eu simplesmente não queria mais. Não queria mais mágica, não queria mais bolo, não queria mais ele. Quando a gente passa a se valorizar a gente consegue enxergar nitidamente quanto os outros valem – e ele valia tão pouco, desencantei. Peguei meu coração e coloquei ele lá no topo de uma árvorezinha danada de alta, e vou te falar, nunca vi tanta gente disposta a escalar – homem adora um desafio. Pois bem, que vença o melhor!